domingo, 29 de março de 2009

sábado, 28 de março de 2009

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Minha Fé

Gostaria de ter uma veia poética para dizer aquilo que não foi dito, mas que é preciso. Olhando para as pessoas vejo uma correria e uma pressa absurda, não sei o porquê. Acredito que o termo workoolic (viciados em trabalho) foi talhado em função deste cotidiano acelerado e voraz num mundo em que a rapidez e a celeridade são adjetivos benevolentes, que a nossa realidade tem que ser necessariamente assim.
Discordo com medidas tais pelo fato de que poderemos fazer algo contra outrem que poderá marcá-lo enquanto respirar. Cristo diz que devemos amar o próximo como a nós mesmos e Immanuel Kant diz que não se constrói uma sociedade baseada na mentira. Ao observar este mundo percebo que esta pressa está relacionada à mentira, não àquela que falamos aos outros, mas, sim, àquela que dizemos a nós mesmos. Não temos tempo de olhar para nós mesmos, então é mais seguro fazer o que os outros fazem e dessa conjugação de desculpas criaremos a maior de todas as mentiras : aquela que convence os outros e não a nós mesmos. Não quero ser piegas ,inclusive num mundo que não acredita em si mesmo. Veja o caso da fé, historicamente houve uma inversão brutal no seu sentido, pois no livro de Atos na Bíblia há um projeto divino para o homem , no entanto , este mesmo projeto foi alterado pelas mãos humanas ,claro , com a melhor das intenções e as mortes ,perseguições ,torturas e feridas nas almas das pessoas foram imensas. Eu não consigo acreditar na forma de religião que aí está, até agora continuamos a matar em nome de Deus e a subverter em benefício próprio seus ensinamentos.Também não quero ser hipócrita, nós mesmos erramos e atribuímos a culpa aos outros e neste ponto lembro-me de Schaeffer quando diz que tudo o criamos está abaixo de uma linha de desespero, pois não há esperança para o homem em tudo o que ele criou, nossa instituições foram corrompidas pelo germén de um egoísmo profundo, na verdade de uma máscara onde aprendemos a nos esconder de nós mesmos.
Aristóteles acreditava num princípio criador, alguns iluministas também e muitos outros homens. Gandhi dizia que acreditava no cristianismo e não nos cristãos, pois estes representavam uma distorção temporal que se percebia em suas práticas. Acredito em um Deus que se revela a cada homem independente de dogmas e doutrinas ,que tudo o que existe é uma sombra de um plano maior e que se revela a cada um na verdadeira proporção de sua busca, neste momento não há espaço para nada nem ninguém e assim você pode falar de suas falhas e desilusões. Ha alguns anos Leonardo Boff foi inquirido se acreditava em Deus na forma em que este lhe foi apresentado e como ele, Leonardo Boff, apresentou-o. Aquele que foi um dos artífices da Teologia da Libertação na América Latina respondeu que não e neste momento houve uma frustração que deixou a platéia absorta, pois esperávamos aquele porta-voz da igreja progressista empunhar a bandeira da luta de classes da Revolução armada e disparar contra a igreja Católica, contra as figuras do Papa João Paulo II e de Joseph Ratzinger, o atual Bento XVI , estes expulsaram mais de 2000 clérigos da igreja católica em função de suas participações com a “nova idéia”. Boff respondeu dizendo que não cria neste Deus imaginário e ,sim, num Deus que se revela ao homem extra-circunstancialmente, que explode no seu coração, que o conforta, que se revela em suas debilidades. Neste Deus eu acredito, pois entendo que é a única forma de nos conduzir ao andar de cima, que nos fará mais humanos, retratando uma pequena porção Dele.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Um breve comentário

‘’Somos a mistura do branco ladrão , do índio preguiçoso e do escravo covarde”, foi assim que Arnaldo Jabour iniciou uma palestra em Minas Gerais , provocando mais de mil profissionais de História que ali se encontravam.
O tema da formação do povo brasileiro é complexo, pois analisar três etnias com suas respectivas particularidades é um missão escorregadia e perigosa ainda mais pelo fato de que , como provoca Jabour , este tema é a espinha dorsal da formação étnica do povo brasileiro. Poderíamos concordar com esta seleção étnica, no entanto , não concordamos com a sua provocação, pois o argumento como propositalmente narrado pelo palestrante incorre em erros e equívocos históricos grosseiros que com um pequeno esforço intelectual seria este pseudo argumento histórico implodido em sua nascente. Aceitaremos a provocação:
O Brasil realmente possuí as cores étnicas descritas acima , por sua vez Eduardo Bueno, no seu famoso livro Náufragos , traficantes e degredados, direciona- nos para uma compreensão melhor destes termos étnicos.O branco, no caso o europeu ,respirava os ares do Antigo Regime exposto principalmente quanto as práticas políticas e econômicas ( Absolutismo e Mercantilismo) e numa sociedade que possuía amarras rígidas quanto a mobilidade social ( estamentabilidade). Não nos interessa esta análise , mas ,sim, o fato de que o europeu moderno principalmente portugueses e espanhóis viam na América uma possibilidade de enriquecimento rápido através das riquezas minerais do novo Continente , como propaga Eduardo Galeano nas Veias Abertas da América Latina, deste modo trouxeram os europeus suas práticas sociais dentre elas a ambição mercantil, a fé católica, a educação européia e principalmente o preconceito.
O índio ,o nativo , aquele que ocupara estas terras originalmente , foi violentado em sua cultura. Este vivia uma fase de sua evolução ainda submetida à natureza e não com a transformação desta como viviam os europeus, desta forma o domínio europeu , bem como o genocídio bacteriológico, como afirma Todorov, foi uma forma de dominação de uma cultura mais desenvolvida belicamente sobre outra que não passara por esta fase. A atual concepção de trabalho estava sendo forjada na Europa, principalmente devido à Reforma Protestante, mais precisamente a idéia de trabalho construída por Calvino , neste âmbito houve o que chamamos de contato interétnico e deste momento histórico surgiu a falsa premissa de que os índios seriam ‘’indolentes ‘’, pois foram obrigados a trabalhar quando não precisavam , afinal a vida não lhes impunha esta necessidade, os índios não entendiam porque não houvera Reforma Protestante na América, nem tampouco um João Calvino.
O negro africano se tornou escravo durante a modernidade ante uma teia de eventos históricos que proporcionaram este fato. A expansão marítima comercial transformou os homens negros da África em moedas, pois estes tinham que trabalhar obrigatoriamente sem pagamento porque a mentalidade da época ,inclusive a religiosa, baseiava-se na crença estapafúrdia de que eram os negros inferiores , sub-espécie, sub-raça e deste modo expiariam seus pecados no trabalho árduo e forçado . A justificativa escravocrata também era filosófica, pois Aristóteles em A Política a defendia ainda que de modo diferenciado (na Antiguidade havia escravidão por dívidas e prioritariamente para prisioneiros de guerra), desta forma a prática da escravidão possuía apelos ideológicos fortíssimos e a forma de imposição do branco sobre o negro africano escravizou também sua alma e deixou marcas profundas na personalidade negróide e também em nossa sociedade até os dias de hoje.
Perceba que não precisamos de muitos esforços para aniquilar uma premissa falsa que permeiou gerações , penetrou nossa sociedade , entranhou –se nas pessoas e ,como diz Gilberto Freire em Casa Grande e Senzala , elaborou nosso conceito de “homem cortês”. Somos preconceituosos , interesseiros, individualistas ,altruístas, sentimentais e até bonzinhos, mas o que vem ao caso é que ao compreender o povo brasileiro como nos legou Darcy Ribeiro possamos quebrar uma herança histórica e respeitar os diferentes grupos sociais , na medida em que não somos juízes do outro , pois não nos cabe julgar e ,sim , conviver mesmo que não concordemos com suas práticas.



Bibliogafia:

BUENO,Eduardo Náufragos, traficantes e degredados - As primeiras expedições ao Brasil , Editora:Objetiva, 1998
FREIRE, Gilberto , Casa Grande & Senzala, Global Editora , 48ª Edição , 2006
GALEANO, Eduardo , As Veias Abertas da América Latina, Editora Paz e Terra, 44ª edição
JABOUR, Arnaldo , “Quem é o Brasil", palestra ministrada pelo jornalista e cineasta na Convenção de Saúde de Minas Gerais 2001
(http://www.ahmg.com.br/index.asp?Metodo=ExibirDet&Chave=1393)
RIBEIRO,Darcy , O Povo Brasileiro: A formação e o sentido do Brasil, Companhia da Letras – 1995, 2ª Edição
SCHÜLER,Arnaldo (Tradutor) , A Confissão de Augsburgo (1530 - 1980) , Editora Sinodal , RS, 1980
TODOROV,Tzvetan , A Conquista da América , Editora Martins Fontes, 1983
WOLFF, Francis,Aristóteles e a Política , Coleção: Clássicos e Comentadores, Editora: Discurso, 1ª Edição - 1999

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O futuro do eu está por vir

A agenda oculta

O ser humano gosta de teses conspiratórias e há gente que confia e dá sua vida por um “misteriosinho”, talvez para explicar e entender o nosso mundo. A busca da verdade é um dos temas mais controversos e complexos de nossa sociedade e tenha certeza de que muitas manifestações de nossas vidas relatam um padrão nem sempre muito claro do que vivemos, observe que para construir determinadas “verdades”, há uma agenda de intenções...
Na música , por exemplo, Elvis Presley surgiu com seu rebolado e com um modelo de rebeldia que encantou os jovens norte –americanos em meados do séc.XX, perpassando até as décadas posteriores , no entanto, Elvis repetia o que os negros americanos faziam desde o séc.XIX, ele fundiu elementos da cultura negra americana como o blues e o jazz com outras vertentes musicais com uma postura de acinte àquela sociedade, desta feita explodindo no Rocky in Roll. No cinema, James Dean também retratou e mostrou nas películas lumierinas este comportamento rebelde, afrontador e muitas vezes inconsequente (veja ,por exemplo, o filme juventude transviada).O mundo ou boa parte dele vivia um reboliço que de vez em quando acontece na história humana. Politicamente falando o comunismo nunca fora tão perigoso : iria este sistema tomar as mentes humanas?
No Brasil as ligas camponesas reclamavam uma reforma agrária que lhes incluísse esperança de sobreviver a um mundo tão excludente. A bossa –nova e o tropicalismo foram movimentos artísticos e sociais que direta ou indiretamente estavam relacionados a esta efervescência . Poderia enumerar uma série maior destes acontecimentos, mas perderíamos o foco, pois entendo que há uma raiz para tudo isto. Após a Segunda Guerra Mundial o homem passou a se segregar assim como fez com a construção do Muro de Berlim, as experiências humanas o conduziam até as experiências com drogas (como pregava Jack Kerouac e sua pretensa revolução beatnik ).
Acredito que o medo tomou conta de nós e passamos a buscar um sentido para nossa própria existência. Perceba que até nossos super-heróis surgiram num momento histórico de crises e depressões: Batman teve seus pais assassinados num beco e não teria mais coragem de enfrentar o trauma provocado por este lugar . A grande obra de Tolkiem , o Senhor dos Anéis, que se transformou num dos maiores filmes da história do cinema foi inspirado no livro homônimo em que o homem mau tomava a terra média, na verdade uma brilhante analogia da condição humana, pois revela o medo como causa daquele caos e seu modo de enfrentá-lo. Acredite, aquilo que acontece intimamente também ocorre em escala universal, estas nuances funcionam de duas formas : aqueles que vêem só o estético e se alheiam da própria vida ou aqueles que buscam uma explicação para as nossas imperfeições e descobrem um agenda oculta onde a maioria dos homens não enxergam.